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Editorial

Maríntimo,

um nó entre memórias, sujeitos e lugares de grande mares

 

Terra firme. Sol ardente. Barco à vela, à espreita, à espera. Corações afogados em costumes, histórias, dilemas, ganhos e avessos na Fortaleza que margeia o mar, que adentra e se esvai pelo mar. Uma cidade: um processo, uma construção, um mergulho. Fortaleza é um mundo inteiro, uma multiplicidade oceânica, de tão imensa e tão profunda. É uma metrópole banhada por um mar que ora é reduto, ora é metáfora. Ora é sustento, ora é alento. Ora é medo, ora alívio.

 

Pensando na diversidade de infinitos que é o mar, a turma do Laboratório de Jornalismo Multimídia 2018.2 da Universidade Federal do Ceará (UFC) narra - por meio da reportagem multimídia Maríntimo - histórias de pessoas e de lugares banhados pelo mar de Fortaleza, sejam banhos de água ou de almas. Memórias de quem tem histórias sobre o mar; de quem sobrevive no limite entre concretos urbanos e paisagens mareiras; de quem mergulha em tudo o que rodeia o mar; tudo que o mar rodeia; histórias de vida, de lutas, de conquistas, de perdas. Histórias de superação, de rotinas apressadas e corações encharcados; de espaços que muitas vezes estão à margem de tudo o que nos envolve, de tudo que envolve os espaços privilegiados dessa metrópole de contrastes. Lugares de grandes mares.

 

O material multimídia revela, em impressões e expressões retratadas por meio de textos e imagens, um trajeto que vai da Praia de Iracema ao Mucuripe pela Avenida Beira-Mar, em narrativas sobre quem rotineiramente trabalha, transita, trafega em meio aos concretos que margeiam a orla ou às águas que banham, abrigam, agitam e acalmam. De gente que faz de um mergulho em plena areia uma obra de arte.

 

Outro percurso retratado pela equipe de 9 repórteres do Maríntimo é a controversa rota do Vila do Mar. Um espaço infinito, de gente gigante, de dilemas enormes, de resistências profundas e reluzentes, como as águas que banham a paisagem local. Lá, o pôr do sol encadeia e nos faz esquecer, por alguns instantes, o tamanho dos nós que ainda precisam ser desfeitos em favor da segurança, do saneamento, da geração de emprego, da atenção à educação e saúde da população. Em favor do futuro que se precisa presente.

 

Em novo mergulho no tema do mar, a reportagem multimídia traz uma reflexão sobre a especulação imobiliária em espaços ainda não tão descobertos por quem visita ou mora em Fortaleza: a praia da Sabiaguaba. Diante de um movimento de ocupação que pode chegar a se assemelhar ao da Praia do Futuro, moradores da Sabiaguaba tentam preservar sítios arqueológicos e ecossistemas característicos da área e que podem ser ameaçados pela ação humana. Uma tentativa de afastar os riscos ao Parque das Dunas da Sabiaguaba.

 

Por fim, o Maríntimo discute a balneabilidade do mar de Fortaleza, mostrando a redução (de 31 para 11) dos pontos de monitoramento da orla, revelando locais próprios e impróprios para banhistas e destacando alguns dos verdadeiros sacrifícios sob o sol, por meio de projetos capitaneado por voluntários, para tentar manter, pelo menos, pedaços da orla limpos e acessíveis. Uma busca pela essência do mar: um mar que é de todos, mas também individual. Presente, constante, quieto, revolto. É memória, é marco, é margem. Mar subjetivo, mar coletivo, Maríntimo.

 

Dahiana dos Santos Araújo
Professora da disciplina Laboratório
de Jornalismo Multimídia 2018.2

Expediente

 

 

Especial desenvolvido pelos alunos Bruna Cruz, Émerson Rodrigues, Guilherme Conrado, Hannah Freitas, Henrique Villela, Igor Magalhães, Lívia Carvalho, Luis Augusto Melo e Tainã Maciel, para a disciplina de Laboratório de Jornalismo Multimídia do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Publicação: 06 de dezembro de 2018

 

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